quinta-feira, 7 de julho de 2011

Crítica por detrás das obras de Adriana Varejão.

Partindo do seu interesse pela reprodução de elementos históricos e culturais da tradição brasileira, Adriana Varejão satisfaz o seu desejo de reconfigurar o corpo humano, através da representação da carne corporal como elemento estético. A carne humana é colocada sobre o símbolo da colonização "Azulejões" para chamar de novo a atenção sobre a atrocidade desta experiência. Os colonizadores aparecem como os carniceiros do mundo do final do século XIX. A artista “desconstrói” o corpo e a sua imagem, dando-nos a ver os fragmentos ensanguentados do corpo humano e do «corpo» social. Esta é uma clara alusão à violência que caracteriza a História social do Brasil. A violência, expressa na obra da artista, permite uma profunda reflexão sobre o sofrimento das camadas sociais no Brasil, durante o período da colonização e da escravatura.
O «corpo» social, histórico mas também individual, é colocado entre a experiência exterior na sua dimensão carnal e fugaz, e a experiência interior na procura de si próprio. A artista mostra, assim, de uma forma muito singular, os laços entre o real e o imaginário, através da dilaceração e da exposição dos corpos dos mártires da História colonial. Através do processo de reapropriação, o corpo imerge na realidade para, por sua vez, ser transposto do interior para o exterior e do exterior para o interior. Através dos sentidos, o corpo participa da realidade mesmo por meio das suas feridas, sendo definitivamente penetrado pelo mundo exterior.

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