quinta-feira, 7 de julho de 2011

Crítica por detrás das obras de Adriana Varejão.

Partindo do seu interesse pela reprodução de elementos históricos e culturais da tradição brasileira, Adriana Varejão satisfaz o seu desejo de reconfigurar o corpo humano, através da representação da carne corporal como elemento estético. A carne humana é colocada sobre o símbolo da colonização "Azulejões" para chamar de novo a atenção sobre a atrocidade desta experiência. Os colonizadores aparecem como os carniceiros do mundo do final do século XIX. A artista “desconstrói” o corpo e a sua imagem, dando-nos a ver os fragmentos ensanguentados do corpo humano e do «corpo» social. Esta é uma clara alusão à violência que caracteriza a História social do Brasil. A violência, expressa na obra da artista, permite uma profunda reflexão sobre o sofrimento das camadas sociais no Brasil, durante o período da colonização e da escravatura.
O «corpo» social, histórico mas também individual, é colocado entre a experiência exterior na sua dimensão carnal e fugaz, e a experiência interior na procura de si próprio. A artista mostra, assim, de uma forma muito singular, os laços entre o real e o imaginário, através da dilaceração e da exposição dos corpos dos mártires da História colonial. Através do processo de reapropriação, o corpo imerge na realidade para, por sua vez, ser transposto do interior para o exterior e do exterior para o interior. Através dos sentidos, o corpo participa da realidade mesmo por meio das suas feridas, sendo definitivamente penetrado pelo mundo exterior.

Arte Conteporânea


 «Figura do convite I» 1997, óleo sobre a tela





















 Azulejaria em Carne Viva series
«Azulejaria com Incisão Horizontal» 1999
(madeira, alumínio, poliuretano e tinta de óleo)
- em exposição no Museu Berardo Lisboa -


 Ruina de Charque series «Quina» 2003
(tinta de óleo sobre madeira e poliuretano)





  «Comida» 1992
(óleo sobre tela)
 Azulejaria em Carne Viva series «Azulejaria Verde» 2000
(técnica mista sobre tela)
- Tate Gallery Collection -

  «Filho Bastardo I» 1992
(óleo sobre madeira)


  «Azulejões» (pormenor) 2001
 




















«Milagre dos Peixes» 1991
(gesso sobre tela, tinta de óleo)














 Sauna series «Sauna Verde» 2003
(óleo sobre tela)

Obra de Adriana Varejão vendida por R$ 2,97 milhões


Uma obra de Adriana Varejão bateu em Londres o recorde de maior valor já pago pela obra de um artista brasileiro ainda vivo.
"Parede com Incisões a la Fontana II", da artista carioca, foi arrematado em leilão da Christie's por 1,1 milhão de libras, R$ 2,971 milhões.
Essa venda desbanca o recorde anterior, de Beatriz Milhazes, que teve sua tela "O Mágico" vendida por US$ 1,049, ou R$ 1,746 milhão, em leilão da Sotheby's em Nova York, há três anos.
Em novembro passado, uma obra de Varejão foi vendida em Nova York por US$ 602,5 mil, o valor mais alto atingido por ela até então.
No ranking histórico, Varejão só fica atrás de Fernando Botero entre latino-americanos vivos, já que um trabalho do artista colombiano alcançou US$ 2,032 milhões, ou R$ 3,38 milhões.



terça-feira, 5 de julho de 2011

Obras feitas com carne.


Galeria de Adriana Varejão em Inhotim.


Parte externa da galeria.


Detalhe da obra "Panacea Phantastica " de azulejo branco, na entrada


Entrada principal


Terraço: obra "Passarinhos de Inhotim a Demini "

















Nesta Galeria, estão as obras:
1) Antes de entrar no prédio, o banco de azulejos: "Panacea Phantastica" (2003 - 2008)
2) no andar térreo, duas obras:
- os azulejos com carne "Linda do Rosário" (2004)

- a parede com azulejos pintadas: "O colecionador" (2008)

3) No primeiro andar (azulejos azuis e branco): "Celacanto provoca maremoto" (2004 - 2008)
 
4) Flores vermelhas no teto:"Carnívoras" (2008)

5) no terraço: "Passarinhos - de Inhotim a Demini" (2003 - 2008), pintura à mão por Beatriz Sauer
 O sedutor, 2004
Óleo sobre tela
230 x 530 cm


Carnívoras, 2008
Óleo e gesso sobre tela
190 x 120 cm cada
Políptico de 5












O místico, 2004
Grafite sobre papel
51 x  37.5 cm
Adriana Varejão utiliza a pintura como suporte para a ficção histórica e a exploração de temas como a teatralidade, o desejo e os artifícios presentes no barroco. Em suas obras tridimensionais, rupturas na tela apresentam um interior visceral sangrento, formado de elementos escultóricos ou arquitetônicos. Nos trabalhos recentes, a artista desenvolve ambientes virtuais geometrizados que remetem a saunas, piscinas e banheiros, em que retoma questões intrínsecas à pintura como  profundidade, espaço e cor.

Biografia



Adriana Varejão (Rio de Janeiro 1964). Pintora. Freqüenta cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro, entre 1981 e 1985. Faz sua primeira exposição individual em 1988, na Galeria Thomas Cohn, no Rio de Janeiro. Em sua produção, evoca repertório de imagens associadas à história do período colonial brasileiro, como azulejos e mapas. Em obras que se situam entre a pintura e o relevo, emprega freqüentemente cortes e suturas em telas e outros suportes que permitem entrever materiais internos que imitam o aspecto de carne. A artista evoca também o barroco, associando pintura, escultura e arquitetura em seus trabalhos.